A esta altura do campeonato, todos já sabem que a torcida do ABC FC ingressará pelo portão C e os torcedores visitantes ingressarão pelo A, e que ingressos comprados para um setor não serão lidos pelas catracas de outro.
Em teoria, tudo perfeito mas a prática pode ser bem diferente e os fatos mostram isso. Num clássico disputado em 2012, de forma irresponsável, muitos aficionados do américa do interior desobedeceram às orientações de apenas adquirirem as entradas destinadas a sua torcida e compraram os ingressos destinados à torcida do ABC.
Num primeiro momento, efetivamente entraram pelo portão C mas, após muita pressão, conseguiram ingressar pelo portão A, graças à ação “isenta” do Ministério Público e “sensata” do juiz de plantão. O primeiro, ao ingressar com uma ação para permitir o acesso dos desobedientes e o segundo ao conceder a decisão.
No Brasil é assim, quem desobedece às normas estabelecidas por questões de segurança, ao invés de ser punido, é beneficiado com uma decisão do Poder Judiciário requerida pelo Ministério Público.
Novamente a situação pode se repetir. Espera-se que dessa vez o MP não se sensibilize com eventuais torcedores do américa de Japecanga que comprem ingressos destinados ao alvinegro e, acaso se sensibilize, que o magistrado não lhe dê razão, repelindo a atitude de se pôr em risco à segurança criada única e exclusivamente por esse tipo de torcedor.
Por falar nisso, mais uma vez o radialista Santos Neto traz ao debate a possibilidade da torcida americana, não por coincidência, categoria que ele se enquadra, comprar ingressos destinados ao ABC por um suposto direito de ir e vir.
Seria bom alguém lembrar a ele, e fazemos isso agora, que o direito individual de ir e vir não pode se sobrepor ao direito de todos à segurança e integridade física e é por isso que se define a entrada de torcidas diferentes por portões diferentes. Se não houvesse risco de tumulto, confusão, brigas e até mortes, todos entrariam por qualquer entrada de forma indiscriminada.
Isso é lógico mas o coração vermelho do interior de Santos Neto o deixa cego para uma questão tão fácil de se enxergar para quem tem bom senso.
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